novembro 2018
Na última quarta-feira, dia 28, a Blombô Leilões e a Galeria Luisa Strina promoveram um coquetel para exibir as obras que estão no 13º Leilão Anima, em prol da ONG que atende crianças, jovens e adultos soropositivos. Confira quem passou por lá! Lembrando que você ainda pode dar seu lance e garantir uma obra maravilhosa pra chamar de sua. Os lances vão até a próxima segunda-feira, dia 3, às 20 horas, quando começa o pregão. Tudo online!
José Pancetti (1902-1958) foi um dos grandes paisagistas da pintura brasileira e talvez nosso maior pintor de marinhas. Para isso deve ter contado o fato de que foi marinheiro, convivendo cotidianamente com a luz, as cores e os vastos horizontes do mar. Na década de 1950 foi morar na Bahia, onde realizou seus quadros mais famosos. Mas a qualidade da pintura de Pancetti – desenhista e colorista excepcional – se revela em qualquer tema. Os frutos de suas naturezas-mortas nos dão vontade de acariciá-los e cheirá-los. Os retratos conferem solidez aos personagens, ao mesmo tempo serenos e severos. Ele e Guignard talvez sejam nossos melhores retratistas.
Foi tão grande o prazer de rever a Callas cantando a Habanera, da Carmen, que não resisti a lhes trazer outra ópera igualmente querida: O Barbeiro de Sevilha. Consta que Gioachino Rossini (1792-1868), seu autor, teria dito: “Me dêem o rol da lavanderia que eu o coloco em música”. Esse tipo de citação é fajuta, mas sempre bem inventada. Com sua facilidade, gênio melódico e brilho Rossini faria mesmo até da lista de roupas uma ótima ária de ópera – provavelmente cômica, que nem o Barbeiro de Sevilha. Entre 1815 e 1823, ele compôs trinta óperas (!), com um sucesso estrondoso que despertava invejas por todo lado. Quando em 1822 Beethoven o conheceu, elogiou-o francamente mas acrescentou: “Nunca tente escrever nada além de ópera bufa. Qualquer outro estilo seria uma violência à sua natureza”. Será que não há aí uma pontinha de maldade? Clique aqui para ver o excelente barítono russo Dmitri Hvorostovsky (falecido precocemente há exatamente um ano) cantando a ária mais famosa do Barbeiro.
Tenho o dever de lhes chamar a atenção para coisas interessantes e um pouco diferentes. É o caso de uma exposição no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, com obras realistas e hiper-realistas, tendências norte-americanas dos anos 1960 e 70. Há artistas que trabalham com elas até hoje, embora já não tenham o impacto da novidade. À primeira vista, o que talvez mais impressione seja o inacreditável virtuosismo
A 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades afetivas é imensa, gigante mesmo. É quase impossível ver tudo numa visita só, há muita coisa que merecer ser vista com toda a atenção. De qualquer forma, em um dos cantos do térreo é possível visitar uma área dedicada aos gifts de Friedrich Fröbel. Explicando bem por cima, ele foi um educador que desenvolveu o método de Kindergarten, que conhecemos por Jardim da Infância, e influenciou outros educadores como Maria Montessori e Rudolf Steiner. Fröbel dedicou sua vida à educação infantil e a desenvolver métodos para maximizar o potencial humano. É aqui que chegamos à Bienal.
Paulo Roberto Leal nasceu no Rio em 1946 e morreu em 1991. Artista abstracionista geométrico, surgiu na década de 1970 e logo ganhou um prêmio na Bienal de São Paulo e integrou a representação brasileira na Bienal de Veneza. Também conseguiu sucesso de mercado, graças a uma produção inteligente e sedutora. Saiu dos holofotes porque morreu tão cedo. Artistas no estágio em que ele estava têm de permanecer ativos por mais um bom tempo, para trabalhar sua imagem e sua obra. Isso faz parte da carreira e não é ilegítimo.
Se não a maior (como medir esse tipo de coisa?), Maria Callas foi a mais ilustre e badalada cantora de ópera do século XX. Filha de imigrantes gregos, nasceu em Nova York em 1923 e morreu em Paris em 1977. Tinha uma voz prodigiosa pela beleza e extensão e conseguia cantar desde papeis para soprano ligeiro (a voz mais aguda e mais ágil) até meio-soprano, como a Carmen de Bizet. Sua personalidade e beleza física também marcaram época. Teve um caso tumultuoso com ninguém menos que Aristóteles Onassis, que a deixou por Jacqueline Kennedy. Por incrível que pareça, era apaixonada por ele e seu poder (não pelo dinheiro: Ari não lhe dava um tostão) e ficou muito abalada com a ruptura. Clique aqui para vê-la cantando a Habanera, a ária mais famosa da Carmen. Percebe-se ainda que era ótima atriz.
Seu nome era Manoel alguma coisa, conhecido na Paraíba como Mané Caixa d’Água. Mas deveria ser chamado de caixa (ou antes: poço) de poesia. Não descobri suas datas de nascimento e morte; teria hoje mais de 90 anos. Poeta popular, publicou vários livros de cordel e vivia da venda deles. Quase sempre de terno branco, também saía recitando poemas nos bares de João Pessoa. Mané é prova – há outras – de que o fazer poesia, o talento poético, acontece nas mais diversas situações, tanto entre gente intelectualizada quanto em espíritos (aparentemente) simples. Os versos abaixo chegam a ser requintados. (Um dia lhe perguntaram o sentido do verbo abrumar. Respondeu: “É coisa de mãe. Eu vou lá saber coisa de mãe?”)
A Galeria Arte 57 apresenta a exposição dentro/fora/dentro e vice-versa, com curadoria de Paulo Miyada (São Paulo, 1985), curador-chefe do Instituto Tomie Ohtake e pesquisador de arte contemporânea. Explorando o espaço e orientando o percurso estão obras como Relevo Espacial A19 (1959) e o penetrável Macaléia (1978), ambas de Helio Oiticica, e entre elas peças importantíssimas de Waltercio Caldas, José Resende e Iran do Espírito Santo, entre outros nomes de peso. Definitivamente é uma mostra que faz o visitante rodar por entre as obras, procurar novos pontos de vista e enxergar sentidos diferentes a cada vez que volta a bater o olho nas peças. Entre uma rodada e outra pelo salão, conversei com Paulo Miyada sobre sua trajetória e como foi a concepção da exposição. E, sem mais voltas, confira como foi nosso papo!
Imagine obras de nomes como Leda Catunda, Antonio Dias e Ivan Serpa. Agora imagine que você pode ter obras desses artistas incríveis a preços bem acessíveis! Assim é a seleção de desenhos, guaches, colagens e aquarelas que você encontra no catálogo do 5º Leilão de arte online da Blombô Leilões. Porque, mesmo em tempos de crise, a arte nunca pode faltar!