setembro 2019
Arthur Bispo do Rosário (1911 - 1989) passou 50 anos de sua vida entre idas e vindas de manicômios. Diagnosticado como esquizofrênico-paranóico, produzia suas peças dizendo que essa era uma tarefa imposta pelas vozes que dizia ouvir. Assim, intercalando períodos de internação e de trabalhos diversos como na Marinha Brasileira ou na companhia de eletricidade Light, foi criando com o que tinha à mão: bordava usando a linha do uniforme de interno que desfiava, lençóis, roupas, pegava canecas de alumínio, colheres, caixas de madeira e tudo mais que pudesse lhe servir. Para ele não era arte, mas sim um inventário a ser deixado para o dia do Juízo Final. Foi apenas no ano de 1980, com uma reportagem do programa de tv Fantástico sobre a situação da Colônia Juliano Moreira e que mostrava suas obras agrupadas no quartinho em que vivia, que chamou a atenção como artista visual. Dois anos depois, o crítico de arte Frederico Morais incluiu suas obras na exposição "À Margem da Vida", realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.