Vendas de obras de arte online cresceram 7% no ano passado, segundo Art Basel & UBS
A compra de obras de arte online é uma tendência que veio para ficar. Tendo saltado de 6 bilhões de dólares em 2019 para 12,4 bilhões em 2020, as transações online atingiram seu auge em 2021, totalizando 13,3 bilhões de dólares. Os dados são do relatório da Art Basel & UBS, pesquisa de maior credibilidade do mercado, publicado em março de 2024.
Os critérios do relatório definem vendas online como aquelas realizadas por galerias, revendedores e casas de leilões, seja através de sites próprios, viewing rooms (OVRs), outras plataformas, ou via e-mail, sem visualização presencial ou contato de pré-venda. No caso dos leilões, vendas exclusivamente virtuais são aquelas em que não se realiza um pregão presencial (como é o caso da maioria dos leilões da Blombô). O critério também descarta lances online num pregão presencial.
Apesar do impacto inicial do retorno às atividades presenciais em 2022, que ocasionaram uma queda de 17% nas transações virtuais, as vendas de arte online permaneceram quase o dobro de 2019 ou de qualquer ano antes disso. Em 2023, a modalidade online voltou a crescer, registrando um aumento de 7% e um total de 11,8 bilhões.
Em termos de volume total de negócios do mercado de arte, as transações online feitas em 2023 fecharam em 18%, abaixo do pico de 25% alcançado em 2020, mas equivalem ao dobro da porcentagem de 2019 e representam um aumento de 2% em relação ao ano de 2022.
Observa-se, portanto, a consolidação de operações mistas – online e offline –, com números relativamente altos nas transações virtuais enquanto exposições e eventos voltaram à programação normal – ou seja, ambas as modalidades de compra são relevantes e convivem entre si.
A pandemia trouxe uma grande mudança no comércio eletrónico em muitos setores, com as vendas online totais no varejo geral saindo de 14% em 2019 para 18% em 2020. Neste mesmo ano, a quota de comércio eletrônico no nicho de arte (25%) excedeu a do varejo global agregado (18%), feito que nunca antes havia ocorrido. Em 2021, quando as vendas presenciais começaram a retornar, a porcentagem de transações eletrônicas na arte empatou com os 18% do varejo global, permanecendo com uma quota ligeiramente inferior nos últimos dois anos.
O share das vendas online no varejo geral continuou a crescer em 2023, atingindo um recorde de 21%, e é esperado que este número chegue em 24% até 2026. Assim como no mercado de arte, o crescimento do comércio eletrônico superou as vendas totais do varejo geral, que registraram um crescimento de quase 6%, enquanto as transações virtuais fecharam o ano com um avanço de 9%.
Dados do setor de leilões de arte em 2023 mostraram que, tal como nas compras offline, a grande maioria (mais de 95%) das transações em leilões exclusivamente online foram obras de preços inferiores a 50 mil dólares. Pesquisas com colecionadores também mostraram que o preço ainda é uma variável-chave na determinação da importância de ver um trabalho presencialmente ao invés de realizar uma transação totalmente online. No entanto, muitos estão cada vez mais confortáveis em realizar transações completamente virtuais.
Comprar com dealers (galerias e negociantes) continuou sendo a forma preferida de aquisição da maioria dos colecionadores em 2023, e cerca de 30% dos que preferiram os dealers optaram por transações realizadas inteiramente online. Esta porcentagem cresce para 39% quando observamos o segmento dos colecionadores da Geração Z.
À medida que o número e o valor das vendas exclusivamente online em leilões aumentaram, os canais online têm sido consistentemente identificados como a principal fonte de novos compradores, tanto para casas de leilões de nível superior - grandes empresas como Sotheby’s e Christie’s - como para casas de leilões menores. A maioria das vendas online que os dealers realizaram em 2023 foram para novos clientes, e os canais digitais foram uma fonte importante de novos compradores no setor, embora ainda estejam atrás de feiras de arte e visitas a galerias.
Estas descobertas indicam que, embora possa não ser a forma preferida de compra para todos os colecionadores, a compra online é amplamente utilizada e aceita. Tornou-se também um ponto de entrada fundamental no mercado para novos compradores, tanto para dealers como em leilões.