
Jovens colecionadores, o olhar de Sofia Derani
Blombô - Quando você se descobriu colecionadora de arte?
Sofia - A minha família é de colecionadores, o colecionismo faz parte do meu contexto de vida, é uma cultura familiar nossa, das nossas raízes, e isto passou de geração em geração. Meu pai sempre valorizou visita a museus, galerias e antiquários, ficou enraizado em nós. Eu adquiri minha primeira obra de arte aos 14 anos.
Blombô - Como você vê as preferências dos jovens colecionadores?
Sofia - A preferência dos jovens é bastante subjetiva. Vem do histórico para cada um, mas posso dizer que tem um olhar muito contemporâneo, uma preferência por artistas vivos. Posso falar por mim, minha preferencia é por arte contemporânea e arte urbana.
Blombô - O que você acha da compra de arte on-line?
Sofia - A compra on-line acabou sendo um facilitador para nós principalmente neste momento pandêmico que passamos, embora eu prefira a compra presencial, a experiência de ver a obra ao vivo. A compra on-line derrubou barreiras e tornou o mundo da arte mais acessível
Blombô - Você acha que a internet democratizou o acesso à arte? Pode se falar em uma ampliação de públicos ?
Sofia - Sem dúvida a internet democratizou o acesso a arte, para começar a transparência, porque as galerias precisaram colocar os preços up front. Isto não existia antes, muitas vezes ficava escondido, essa transparência agora é obrigatória. E também o acesso a informação precisou ser mais aberto. Outra coisa que acho muito legal, foi o uso do instagram, que facilitou o acesso a artistas que antigamente a gente não tinha, essa comunicação direta com artista que antes parecia impossível, agora está mais fácil.
Blombô - Quais dicas você daria para as pessoas que querem conhecer e adquirir arte?
Sofia - Vai visitar um museu, vai viver estas experiências, vá a exposições, é muito importante gerar este conhecimento, estas vivências. É incrível! Os ganhos que você pode ter… o conhecimento é algo que ninguém tira de nós. É muito rico, tem que visitar galerias, é muito importante, não se sinta intimidado, vá e peça informações, converse com o artista, com o galerista, use a licença poética para fazer a sua interpretação, pesquise sobre o artista, pesquise sobre o que você gosta, não tenha pressa de comprar, e trilhe um caminho para sua coleção.
Blombô - Como você vê a arte brasileira no cenário internacional?
Sofia - A nossa arte brasileira está tendo uma ocupação superbacana no mercado internacional e ainda mais com os temas racial e arte indígena. Jaider Esbell, Denilsom Baniwa, Rosana Paulino, Zeh Palito, Maxwell Alexandre. Na arte urbana eu citaria Gêmeos, Nina Pandolfo e Tec, que é argentino mas mora aqui.
Nossos artistas estão indo para fora com este destaque e estamos tendo uma relevância muito forte no mercado internacional. Também é preciso destacar a nossa arte urbana, ela invade o mundo afora.
Blombô - Tem ido a feiras internacionais? Tem visto ampliação de públicos?
Sofia - Por conta da pandemia eu acabei não indo às feiras internacionais, mas este ano estarei na Art Basel. O mais legal da feira de arte é que é um museu em poucos dias . A Art Basel é o melhor da produção contemporânea, preparado pelas galerias. Tem esta vertente de ser algo museológico, claro que tem a intenção de vender, mas também trazem esta expografia para além da venda. Compõem um artista consagrado, com um artista novo. A feira tem a riqueza de poder, em poucos dias, estar respirando o melhor da arte contemporânea.
Na feira em si vai haver muito colecionador. Mas como as feiras se tornaram híbridas, e com essa transição da arte para o mundo on-line, o acesso permitiu que outros públicos sejam atraídos para a arte. Pulverizou o acesso.