Biografia de Artista | Adriana Varejão
Nascida no Rio de Janeiro em 1964, a artista visual produz pinturas e instalações que questionam a realidade social brasileira, instaurada sobre as heranças coloniais.
Faz-se importante destacar que, em seus trabalhos, seus materiais são simbólicos e ligados à cultura brasileira.
Ingressou na faculdade de engenharia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 1981, mas logo saiu e passou a realizar alguns cursos livres na Escola de Artes Visuais do Parque Lage.
Por volta de 1986, a artista conheceu a cidade de Ouro Preto e se encantou com o estilo barroco que se tornou referência em suas produções.
A experiência estética totalizante, o excesso de informações visuais e a mescla entre figuras bidimensionais e tridimensionais passaram a marcar suas criações.
A intensidade barroca expressa-se, em suas obras, pela lógica compositiva de preenchimento das telas.
Na década de 1990, o desenho toma mais destaque e temas como a iconografia colonial, antropofagia e azulejaria portuguesa passam a ser discutidos.
As cenas da colonização são invertidas. No lugar da representação clássica de cenas cristãs e de catequese, desta vez os índios ensinam a antropofagia. Pedaços das imagens são extraídos criando fissuras; pequenas incisões remetem à carne e ao interior dos corpos. A carne, para além da referência às práticas antropofágicas, diz também sobre os estigmas católicos, como as chagas dos mártires.
Em sua série Polvo (2013-2014), Varejão produziu uma caixa de tubos de tintas acrílicas com as 33 cores retratados como tons de pele nas pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Em uma analogia acerca da mestiçagem, a artista retorna mais uma vez às discussões coloniais. Quem é o povo brasileiro hoje? Como foi formado? Como a mestiçagem é lida? Qual será nossa identidade? A antropofagia modernista ainda se faz necessária? Ou essa antropofagia deve ser ressignificada?
Ficou curioso? Essa obra está disponível no catálogo da Blombô.
Fontes: