Numa ponta da mesa o povo brasileiro se alimentando de veneno. Na outra, políticos assinam projetos de lei que liberaram 290 substâncias para combater pragas na plantação, sendo que dessas 118 são consideradas altamente tóxicas e 32% foram proibidas na união europeia. Muitas delas, associadas a mal de Parkinson em agricultores, desenvolvimento de tumores em humanos e animais, entre outros problemas. Ao pegar uma maçã na prateleira, ninguém imagina que está comprando veneno.
A maior parte do uso destes agrotóxicos é usada para produção de soja e milho, grãos em que o Brasil é o maior produtor mundial. O agrotóxico chega à mesa das pessoas através de derivados de leite, da carne, do cereal, de produtos industrializados que fazem uso de lecitina de soja, como margarina, sorvetes, biscoitos, ovos, frango, entre outros. Quando usados por pequenos agricultores, o perigo é maior e os efeitos imediatos, podendo causar acidentes do manuseio, sequelas nos usuários – que aplicam os produtos sem segurança -, contaminando lençóis de água, alimentos e colocando em risco populações polinizadoras.
A contaminação dos alimentos é apenas uma parte dos malefícios de um agronegócio mal gerenciado. A expansão feroz da devastação de biomas brasileiros hoje é propagandeada e incentivada pelo governo e por parte dos legisladores num balé mortal, orquestrado por lobistas e performados pelo crime organizado. A promessa é de um desenvolvimento e riquezas que nunca se concretizam, principalmente para os pequenos donos de terra e para os povos indígenas, que sofrem com a degradação de seu habitat.
Sobre a série:
A realidade é que o fogo tem avançado nos últimos 3 anos com total descaso, senão incentivo, do Governo Federal. É público o discurso do presidente e de seus ministros do meio-ambiente em “passar a boiada”. E é pública a inação das forças que deveriam proteger as florestas. Os poucos que agem, são destituídos de seus cargos.
Depois das queimadas vem a grilagem de terras. Pequenos agricultores e indígenas sofrem ataques de milícias, grileiros e garimpeiros que possuem suspeita proximidade ao Presidente e seus grupos políticos. Esses povos também sofrem com a propaganda institucional contra o modo de vida indígena e quilombola (descendentes africanos), fazendo crescer o preconceito sobre esta população. Com o “aval” do governante, morte e destruição se espalharam por todo o País em uma escalada assustadora.
Para além das questões sociais, as consequências no clima são evidentes. O Nordeste do Brasil se transformou na maior área em desertificação do planeta. As secas são cada vez mais severas nas regiões centro-oeste, sul e sudeste e as queimadas não provocadas também aumentaram. Falta água para gerar energia. Falta água para uso humano. Sobra fumaça.
