Flávio Shiró Tanaka nasceu em 1928, em Sapporo, na ilha de Hokkaido, Japão. Como pintor, desenhista, gravador e cenógrafo, desenvolveu um estilo conhecido como realismo lírico não figurativo, onde é evidente a influência da natureza brasileira através de vegetação, fauna e elementos humanos. Flávio Shiró é considerado um dos primeiros representantes significativos da nova pintura brasileira, tendo iniciado sua carreira no Brasil com obras de caráter expressionista nos anos 1940.

Na década de 1950, dedicou-se à abstração e, a partir de 1960, começou a explorar a fusão entre figuração e abstração, utilizando cores escuras e equilibrando texturas com manchas cromáticas. Segundo Walter Zanini, o preto é essencial em suas pinturas, descrevendo seu método como action painting, caracterizado por vetores longos e vertiginosos com curvas e linhas quebradas que estabilizam a policromia dionisíaca das obras. Georges Boudaille ressalta que, apesar de sua origem, o orientalismo é ausente nas obras de Shiró, cujas linhas e a expressividade rápida do desenho destacam seu apreço pela linha sem implicar uma ordem predefinida em seu trabalho. Para Boudaille, suas obras são marcadas por um realismo com subjetividade evidente.

Frederico Morais observa que as obras de Shiró estão distantes do mercado e da mídia, considerando o ato de pintar em seu ateliê quase como um ritual religioso. Apesar disso, ele não se desliga de questões como política, economia e tecnologia, mas mantém um olhar humanista que prevalece em sua arte.