José Pancetti
Brasil - 1902 - 1958
Giuseppe Gianinni Pancetti (Campinas, São Paulo, 1902 – Rio de Janeiro, 1958) foi um pintor brasileiro, conhecido por suas obras que abrangem principalmente paisagens, retratos e marinhas. Suas marinhas, reflexo de sua experiência como marinheiro, são particularmente renomadas.
Filho de imigrantes italianos, Pancetti acompanhou sua família de volta à Itália aos 11 anos devido a dificuldades financeiras. Após ser aprendiz de marceneiro e trabalhar em diversas fábricas, ingressou na Marinha Mercante italiana em 1919. No entanto, abandonou essa carreira e retornou ao Brasil, onde passou a viver em Santos, exercendo diversas profissões, como operário têxtil e auxiliar de ourives.
Em 1921, em São Paulo, começou a trabalhar como pintor de paredes e cartazes, e no mesmo ano foi convidado pelo pintor ítalo-brasileiro Adolfo Fonzari para ajudá-lo na decoração de uma casa no Guarujá. No ano seguinte, alistou-se na Marinha de Guerra brasileira, onde começou a pintar suas primeiras obras a bordo do encouraçado Minas Gerais.
Pancetti se tornou membro do Núcleo Bernardelli, onde foi orientado pelo artista polonês Bruno Lechowski, adquirindo técnica e amadurecimento artístico. O retrato se destacou como um dos gêneros mais constantes em sua produção, com composições simplificadas e expressões que muitas vezes refletem desalento.
Na década de 1940, começou a explorar paisagens urbanas em tons escuros e melancólicos. Seus trabalhos refletem a influência de grandes mestres como Cézanne e Matisse, enquanto suas marinhas, simplificadas e com linhas em ziguezague, capturam a beleza do litoral do Sudeste brasileiro, incluindo locais como Cabo Frio e Arraial do Cabo.
Em 1950, Pancetti se estabeleceu na Bahia, onde sua paleta se transformou, incorporando cores quentes e luminosas. Ele pintou diversos cenários da cidade de Salvador, destacando a Lagoa do Abaeté e o Farol da Barra, cujas representações enfatizam o contraste entre os elementos naturais e culturais da região.
No final de sua carreira, começou a se aproximar da abstração, como evidenciado em obras como "Itapoã" (1957). José Pancetti, nome que adotou após o aportuguesamento de seu prenome, é reconhecido como um dos grandes marinhistas brasileiros, cujas obras possuem uma intensa carga poética e revelam uma sensibilidade singular no uso da cor.