Gilvan José Meira Lins Samico (Recife, PE, 1928 - 2013) foi um proeminente gravador, pintor, desenhista e professor brasileiro. Em 1952, fundou o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR) com outros artistas, sob a liderança do gravador Abelardo da Hora. Samico estudou xilogravura com Lívio Abramo em 1957, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), e, em 1958, transferiu-se para o Rio de Janeiro para cursar gravura com Oswaldo Goeldi na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Durante esse período, dedicou-se à criação de texturas complexas e ritmos lineares em suas obras.

Em 1965, estabeleceu residência em Olinda e começou a lecionar xilogravura na Universidade Federal da Paraíba (UFPA). Após ganhar o prêmio de viagem ao exterior no 17º Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM) em 1968, passou dois anos na Europa. Em 1971, foi convidado por Ariano Suassuna a participar do Movimento Armorial, que visava valorizar a cultura popular nordestina e a literatura de cordel.

A obra de Samico é notável pela forma como revitaliza o romanceiro popular do Nordeste, especialmente através da literatura de cordel, e pelo uso inovador da xilogravura. Suas gravuras são habitadas por personagens bíblicos, figuras de lendas e narrativas locais, além de animais fantásticos e míticos. Com a introdução de novas temáticas, suas obras também passaram por uma simplificação formal, com redução no uso de cores e texturas, tornando-se ícones da cultura visual brasileira.