Flávio de Carvalho - Sem título - 1966 - Nanquim sobre papel - 68 x 48 cm.

Flávio De Carvalho

Sem título Nanquim sobre Papel , 1966 68 x 48 cm
R$90.000,00



Flávio Resende de Carvalho (Amparo da Barra Mansa, Rio de Janeiro, 1899 – Valinhos, São Paulo, 1973) foi pintor, desenhista, arquiteto, cenógrafo, decorador, escritor, dramaturgo e engenheiro. Ele se destacou na cena artística e teatral brasileira e abriu caminho para novas formas de expressão artística no Brasil, que ganharam impulso nas décadas de 1960 e 1970.

Mudou-se com a família para São Paulo em 1900 e, em 1911, foi para Paris, estudando mais tarde, em 1914, em Newcastle, Inglaterra. Em 1918, ingressou no Armstrong College, Universidade de Durham, para cursar engenharia civil, e também estudou artes à noite na King Edward the Seventh School of Fine Arts. Completou o curso de engenharia em 1922 e retornou ao Brasil logo após a Semana de Arte Moderna.

Ao longo de sua carreira, Carvalho atuou em várias disciplinas artísticas, sempre buscando inovar e desafiar padrões. Participou de diversos concursos de arquitetura, como o de 1927 para o Palácio do Governo de São Paulo, onde seus projetos, embora não vencedores, foram considerados pioneiros da arquitetura moderna no país.

Duas de suas obras arquitetônicas se concretizaram: o conjunto de casas na Alameda Lorena (1936-1938) e a Fazenda Capuava (1939). Este último projeto sintetiza suas ideias, com uma decoração inovadora que complementa a estrutura. O design inclui chapas de alumínio nos banheiros e cozinha, além de uma lareira com cúpula de alumínio que solta fumaça colorida.

Em 1930, apresentou no Congresso Pan-Americano de Arquitetos a conferência "A Cidade do Homem Nu", propondo um homem livre de preconceitos. Em 1931, realizou a polêmica "Experiência n. 2", onde, de boné, caminhou em sentido contrário a uma procissão de Corpus Christi, quase sendo linchado, com a intenção de testar os limites de tolerância social.

No ano seguinte, abriu um ateliê e fundou o Clube dos Artistas Modernos (CAM) ao lado de Antonio Gomide, Di Cavalcanti e Carlos Prado, promovendo um ambiente de diálogo entre artistas e intelectuais. Em 1933, fundou o Teatro da Experiência e encenou a peça experimental "O Bailado do Deus Morto", onde inovou na cenografia e na movimentação dos atores, mas o teatro foi logo fechado pela polícia.

Em 1934, realizou sua primeira exposição individual, que foi brevemente fechada por acusação de imoralidade. Na justiça, conseguiu o direito de reabertura da mostra. Nos anos 1930, produziu importantes retratos, como os de Oswald de Andrade e Mário de Andrade (1939), destacando um estilo expressivo com pinceladas densas e cores fortes.

Em 1947, criou a "Série Trágica", uma série de desenhos em que retrata a morte de sua mãe. Em 1956, causou escândalo ao desfilar pelo centro de São Paulo com o "New Look", traje tropical masculino que ele mesmo desenhou, composto de saia e meias arrastão, questionando as normas sociais e de vestuário.

Durante as décadas de 1950 e 1960, explorou temas de nudez feminina e fez uso de novos materiais, como tinta fosforescente, mantendo um estilo que misturava o expressionismo com elementos surrealistas.

Flávio de Carvalho é lembrado como um animador cultural irreverente e visionário, considerado um precursor do artista multimídia no Brasil.