Sem título

Hudinilson Jr.

Sem título Fotografia , 1980/2009 Assinada 32 x 46 cm


Hudinilson Urbano Júnior (São Paulo, 1957 – São Paulo, 2013) foi um artista multimídia pioneiro da arte xerográfica no Brasil. Sua obra é reconhecida pela exploração do corpo como base para experimentações visuais e performáticas.

Seu contato com a arte começou no início dos anos 1970, assistindo a sessões de filmes sobre arte e frequentando o ateliê e laboratório de fotografia no Museu Lasar Segall. Desde então, a colagem se tornou um elemento central em seu trabalho, das primeiras xilogravuras – inspiradas em decalques de fotos – até colagens com imagens de nus de revistas americanas, onde corpos anônimos interagem com elementos como folhas, raízes e texturas.

Hudinilson estudou no Instituto de Arte e Decoração (Iadê) em São Paulo e, entre 1975 e 1977, fez artes plásticas na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), trabalhando também na TV Cultura como assistente de design gráfico. Inspirado pelo grafite e pela obra de Alex Vallauri, começou a usar estêncis em suas produções, como visto na obra Ah, beije-me! (1979).

Entre 1979 e 1982, aprofundou sua experimentação com fotocópias e arte postal, investigando o corpo por meio de fragmentação e repetição. Junto a Mario Ramiro e Rafael França, formou o grupo 3NÓS3, realizando intervenções urbanas durante a ditadura militar, como a ação Ensacamento (1979), em que cobriram monumentos no centro de São Paulo.

Em sua exposição Do Detalhe ao Exercício (1981), na Pinacoteca do Estado de São Paulo, apresentou a série Exercício de me ver, em que reproduzia partes de seu corpo numa simulação de ato sexual com a máquina xerográfica, que se tornava coautora da obra. Hudinilson utilizava a fotocópia para manipular detalhes e criar uma especulação visual.

Entre 1982 e 1984, atuou como curador e ministrou oficinas de xerografia na Pinacoteca. Fez cursos técnicos na Xerox do Brasil e realizou a performance Exercício de me ver II (1981) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, além da exposição Xerox Action (1983) no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Em Narcisse/Exercício de me ver VII (1984), inspirou-se no mito de Narciso para explorar sua própria identidade visual, desdobrando o nu masculino de forma analítica.

Hudinilson trabalhou como designer gráfico na Zoom School, escola de fotografia de Afonso Roperto, e em 2014 uma ampla mostra de seus trabalhos foi apresentada no Glasgow International Festival of Contemporary Visual Art, na Escócia.

Para o crítico Jean-Claude Bernardet, a fragmentação do corpo nas fotocópias de Hudinilson o transforma em paisagens abstratas, ampliando o potencial simbólico da obra. Hudinilson Jr. deixou um legado de inovação na arte brasileira, utilizando tecnologias contemporâneas em diálogo com a performance e uma análise profunda da relação entre corpo e identidade.


Saiba mais sobre a obra: (11) 9 9695-3218