Posts tagged 'exposição'
O Brasil tem para com a cultura uruguaia uma dívida impagável. Nada do que fizermos poderá reverter o dano que causamos. Em julho de 1978, realizava-se no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro a exposição Geometria Sensível, com centenas de trabalhos nacionais e estrangeiros e uma sala especial dedicada a um dos precursores e grandes representantes da tendência: o uruguaio Joaquín Torres García (1874-1949). Uma retrospectiva com oitenta obras cuidadosamente selecionadas dentro de uma produção pequena. Na noite do dia 8 o MAM pegou fogo e nada sobrou. Foi-se na fumaça o que havia de melhor no legado do maior artista daquele país. Simples assim: acabou.
Há cerca de meio século (no Brasil, há menos tempo), a fotografia adquiriu o status de arte e passou a frequentar galerias e museus. Sabe-se hoje que não é a técnica nem a dificuldade de produção que determinam o que é artístico ou não. A obra de arte é o registro privilegiado de uma visão (em sentido literal ou figurado) da vida e do mundo – e para tanto a fotografia está em casa.
Tudo nesta exposição é bom. O artista – o grande Lasar Segall. O local, o novo prédio do SESC no centro de São Paulo (rua 24 de maio). A curadoria, da crítica de arte Maria Alice Milliet. O projeto de montagem das obras, pelo arquiteto Pedro Mendes da Rocha. Não tenho senão como recomendar-lhes a visita.
Não temos a menor ideia de quantos milhares de rapazes brasileiros de 22 anos estão neste momento infelizes ao ponto do desespero e procuram algum (falso) alívio usando droga. Muito menos sabemos quantos deles chegarão ao extremo de matar-se. O que podemos ter certeza é que, nem por isso, seus desenhos e rabiscos entrarão um dia num museu. É necessário ir além do sofrimento.
Giselle Beiguelman, artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, participa hoje de uma conversa na mostra Camadas do Coletivo Lâmina, formado por Gabriela De Laurentiis e João Mascaro. Nesta exposição, o Lâmina reúne objetos associados à tecnologia da imagem, produzindo uma instalação fotográfica imersiva e propõe estruturas para tridimensionalizar as imagens, transformando-as em objetos específicos. “A exposição tem curadoria de Ana Candida de Avelar. Reúne uma série de dispositivos de imagem, de diferentes épocas e distintos portes, com filmes, vídeos e fotos, todos em formato de projeção, relativos a momentos de violência nas manifestações de 2013”, destaca a artista.
A Galeria Arte 57 apresenta a exposição dentro/fora/dentro e vice-versa, com curadoria de Paulo Miyada (São Paulo, 1985), curador-chefe do Instituto Tomie Ohtake e pesquisador de arte contemporânea. Explorando o espaço e orientando o percurso estão obras como Relevo Espacial A19 (1959) e o penetrável Macaléia (1978), ambas de Helio Oiticica, e entre elas peças importantíssimas de Waltercio Caldas, José Resende e Iran do Espírito Santo, entre outros nomes de peso. Definitivamente é uma mostra que faz o visitante rodar por entre as obras, procurar novos pontos de vista e enxergar sentidos diferentes a cada vez que volta a bater o olho nas peças. Entre uma rodada e outra pelo salão, conversei com Paulo Miyada sobre sua trajetória e como foi a concepção da exposição. E, sem mais voltas, confira como foi nosso papo!
O que, no final, faz a glória de um artista é realmente a obra que produz. Mas se ele tiver sido infeliz, podem ter certeza de que ajuda. O mundo gosta de maldições: o aleijão de Toulouse-Lautrec, a orelha cortada de van Gogh. Sem chegar a tais extremos, Ai Weiwei se beneficia de suas desventuras políticas: dissidente chinês, filho de dissidente, vigiado e preso pelo regime, proibido por anos de sair do país. Sem dúvida isso contribuiu para seu enorme sucesso internacional. Não é ilegítimo, e faz com que seu trabalho também acabe sendo, por força, predominantemente político.
Ai Weiwei Raiz é a primeira exposição do artista e ativista chinês no Brasil, a primeira exposição dedicada a um único artista a ocupar a Oca, e acontece em números superlativos: são 70 obras de arte, pesando juntas 500 toneladas, espalhadas pelos 8 mil metros quadrados do espaço no Parque Ibirapuera. Aberta no último dia 20, a mostra reúne obras históricas e emblemáticas ao lado de outras inéditas, produzidas no Brasil com diferentes materiais em São Paulo, na Bahia e no Ceará. Segundo o curador e produtor Marcello Dantas, a obra mais impressionante é Straight, exibida pela primeira vez em seu formato completo. São 164 toneladas de ferro retiradas dos escombros de escolas de Sichuan, na China, que desabaram após o terremoto de 2008. Cerca de 5.000 crianças morreram na ocasião, número levantado pelo próprio Ai Weiwei e sua equipe, uma vez que o governo chinês não divulgou informações. Outra obra marcante é Forever Bicycles, instalada fora do parque e à vista de todos que passam pela avenida Pedro Álvares Cabral.
Com curadoria de Marcio Harum, será aberta nesta quarta-feira (25/10) a exposição Olho D'Água, da artista Lilian Maus. Ao visitar a mostra o visitante poderá entrar em um mundo fantástico, percorrendo instalações, observando vídeos, fotografias e pinturas, como se atravessasse águas doces em uma paisagem misteriosa e melancólica. O projeto é resultado da parceria com o cineasta e artista Muriel Paraboni, tendo ainda a participação do pescador José Ricardo de Queirós e do ator Cacá Toledo, além do fotógrafo Marcus Jung, do músico Edu Bocchese e da cineasta Thais Fernandes.
Com a mostra "O olho que aponta não é o mesmo que vê", a Galeria Base destaca a produção brasileira que dialoga entre si através de um ponto de vista regionalista e de uma linguagem contemporânea de 15 artistas nordestinos e de gerações distintas, os quais, cada um à sua forma, apresentam uma arte global, contemporânea e contextualizada. São 32 obras entre colagens, desenhos, gravuras, fotografias e pinturas, de artistas como Abraham Palatnik, Almandrade, Antônio Dias, Christian Cravo, Emanoel Araújo, Falves Silva, José Cláudio, José Rufino, Macaparana, Marcelo Silveira, Márcio Almeida, Marco Ribeiro, Mário Cravo Neto, Montez Magno e Sérvulo Esmeraldo. O curador Paulo Azeco destaca: “Muitos dos artistas da exposição possuem fortes carreiras internacionais, provando que comunicação de massa e a aldeia global pode sim ser de grande valia na produção artística. Contudo, é importante ressaltar que isso é valido quando o olho presta atenção em si mesmo antes de enxergar o mundo e, nisso, os nomes dessa exposição fizeram com maestria. Uma exposição de artistas conterrâneos que abraça um mundo”.