Véio
Brasil
Cicero Alves dos Santos, conhecido como Véio, nasceu em 1947 em Nossa Senhora da Glória, Sergipe. Autodidata e apaixonado pelas histórias do sertão, seu apelido nasceu do costume de passar o tempo ouvindo os mais velhos. Esse fascínio por lendas e tradições sertanejas molda seu trabalho e suas relações com o mundo. No município de Feira Nova, Véio criou o Sítio Soarte, também conhecido como Museu do Sertão, onde abriga cerca de 17 mil obras que narram a vida e a cultura do sertanejo.
Desde cedo, Véio demonstrou talento para a escultura, inicialmente moldando pequenas figuras de cera de abelha, que logo abandonou em favor da madeira. Recusando-se a derrubar árvores, ele utiliza troncos de árvores mortas, preservando a mata ao seu redor. Sua dedicação à arte foi recebida com estranheza por sua família e conhecidos, pois escolheu uma vida austera e independente, sem comprometer sua visão artística para sobreviver.
Véio é um dos artistas premiados pelo Prêmio Itaú Cultural 30 Anos, em 2017, que homenageou criadores de impacto no cenário cultural brasileiro. Suas obras, divididas entre peças grandes e coloridas e esculturas menores e discretas, exploram o imaginário sertanejo com um toque único que vai além da arte popular tradicional. Segundo críticos, suas figuras, coloridas com tintas industriais, criam um efeito pop que transcende o virtuosismo mimético típico da arte popular.
Suas esculturas são vibrantes e expressivas, posicionadas ao ar livre no Museu do Sertão como se fossem habitantes do local. As maiores surgem de “troncos abertos” que inspiram suas formas, enquanto as menores, esculpidas em “madeiras fechadas”, capturam cenas do cotidiano, lendas e personagens do folclore nordestino. Véio é celebrado por sua habilidade em mesclar o real e o imaginário, trazendo à tona a rica tradição oral e a cultura popular de sua terra.
Fontes:
Foto: http://artepopularbrasil.blogspot.com.br/2012/11/veio.html