Raul Córdula Filho

Raul Córdula Filho

Brasil - 1943

Raul Córdula Filho nasceu em 1943, na cidade de Campina Grande, Paraíba, foi
educado no Rio de Janeiro, e reside em Olinda, Pernambuco. Dedica-se às artes
visuais há mais de cinquenta anos, e sua carreira, sólida e reconhecida, foi
desenvolvida em vários suportes e atividades, como pintor, artista gráfico,
cenógrafo, professor, crítico de arte e ativista cultural.
Não cabe no escopo desse texto detalhar a importância do trabalho de formação
cultural desenvolvido por Córdula na Paraíba, coordenando o NAC – Núcleo de Arte
Contemporânea, de 1979 a 1985, mas, vale lembrar que, juntamente com Antonio
Dias e Paulo Sergio Duarte, entre outros, ele criou uma cena artística de vanguarda
na região nordeste. Em uníssono com o que acontecia em São Paulo e no Rio de
Janeiro eles realizaram exposições, intervenções urbanas, vídeo arte, performances
e oficinas. Essas ações se revestiam de especial importância no contexto nordestino,
na época vivenciando movimentos por uma arte regionalista, que chegaram a
adquirir características coercitivas. Sempre foi outra a busca de Córdula, mais ligada
ao ideal de uma arte para todos - política, quando necessário. Nesse contexto
tinham especial importância: a gravura, por suas possibilidades reprodutivas e a
geometria, pela linguagem universal.
Para Córdula a geometria é algo sagrado, as formas emanam energia e poder, e os
elementos geométricos são seu “alfabeto visual”. O triângulo e a cruz, afinidades
eletivas do artista, compõem centenas de quadros, desenhos e gravuras que fez ao
longo de sua vida. Numa linguagem personalíssima, ele rotaciona elementos
geométricos, secciona espaços, equilibra valores e volumes, criando poderosos
ritmos visuais. E à essa sábia manipulação das formas, acrescenta sua apurada
sensibilidade cromática; uma compreensão física da potência da cor. Abrem-se
então, a nossos olhos, densas e vivas superfícies de cor: azuis cantantes, vermelhos
tentadores, amarelos solares e verdes floresta, sempre encadeados em contrastes,
recortados, replicados, vertiginosamente justapostos, revestindo sua obra de intensa
vibração.
No conjunto de obras reunido para a exposição na Blombô é possível acompanhar o
percurso da obra de Raul Córdula Filho, assim como a coerência que permeia sua
produção. Platibanda, 2010 remete às fachadas populares do Nordeste, enquanto
que os dois dípticos Territórios, 2014 e 2016, apontam a potência do signo da cruz,
num exercício de cores e pinceladas rebaixadas e densas. Ainda incorporando
texturas, de resina e cascalho Composição triangular, 1984, já abre a presença da
experimentação com o triângulo, que se estenderá até 2020, adquirindo ritmo e
colorido cada mais intensos e plenos ao longo do tempo. A vertente vai de
Triangulação com prata e cobre, 1999, às recentes, e especialmente vibrantes,
Composição triangular, Totem e Rotação de 2020.

Vale ainda observar a sutileza da obra Bandeira, 2018, na qual as cores de nosso país
parecem chorar, e a impactante Constelação, 2020, uma impressão fine art - a
gravura do século XXI - um retorno à acalantada arte para todos, ideal da juventude
do artista.
Cerebral e intuitivo Raul Córdula Filho é um artista singular e dialógico, que
consegue unir, de maneira indissolúvel, o sagrado geométrico à explosão de
emoções.

Denise Mattar
2020

Fontes:
Texto: CEDIDA PELO ARTISTA

Obras do Artista

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