Iole de Freitas

Iole De Freitas

Iole Antunes de Freitas (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1945) é uma escultora, gravadora e artista multimídia cuja obra se caracteriza pela busca constante de novas formas de representar o corpo e o espaço, às vezes concebendo-os como elementos independentes em diálogo e outras vezes fundindo-os em uma única expressão artística.

Aos seis anos, Iole mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, ainda jovem, entrou em contato com a arte de vanguarda por meio da dança contemporânea. Em 1964, ingressou na Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi) para estudar design, curso que seguiu até 1965. Em 1970, mudou-se para Milão, onde trabalhou no Corporate Image Studio da Olivetti, sob a orientação do arquiteto Hans Von Klier. Essa experiência em Milão, então um dos polos artísticos da Europa, foi fundamental para sua inserção nas artes visuais.

Foi nesse ambiente de inovação artística que Iole começou sua carreira. Suas experiências em dança influenciaram seus primeiros trabalhos, onde o corpo era o principal objeto de investigação. Em fotografias e filmes em Super-8, Iole capturava movimentos e gestos refletidos em superfícies variadas, como vidro e espelho, explorando a relação entre corpo e espaço de forma fragmentada. Em sua série fotográfica Spectro (1972), por exemplo, ela registra sombras de seu corpo refletidas na parede, enquanto Glass pieces, life slices (1975) reúne fotos de partes de seu corpo em meio a cacos de vidro.

Nos anos 1980, Iole começou a se dedicar ao tridimensional, criando relevos e esculturas que ampliavam seu estudo sobre corpo e espaço, mas agora com foco em formas construídas. Experimentou com materiais como arame, tecido e telas metálicas. Em Aramões (1984), por exemplo, ela criou estruturas com fios e tubos, onde a fragmentação ganha uma nova dimensão. Em 1986, recebeu a bolsa Fulbright-Capes para pesquisa no MoMA, em Nova York, e, ao retornar ao Brasil, dirigiu o Instituto Nacional de Artes Plásticas da Funarte.

Nos anos 1990, as esculturas de Iole passaram a ocupar o espaço de maneira mais arquitetônica, adaptando-se ao ambiente onde eram instaladas. Obras como as criadas para a Capela do Morumbi e o Galpão Embra mostram sua capacidade de diálogo com a arquitetura. Em 1996, ela expandiu o uso de telas metálicas diretamente no espaço expositivo, e em 1997 realizou uma retrospectiva no MAM-SP e no Paço Imperial.

Em busca de novas possibilidades para suas esculturas de grande escala, Iole passou a utilizar placas semitransparentes de policarbonato, estruturadas por tubos de aço inox, criando peças com formas sinuosas e leves. Em 2010, realizou uma instalação na Pinacoteca de São Paulo, onde placas de policarbonato atravessam o pátio interno, criando uma dinâmica visual única e interagindo com a arquitetura. Segundo Iole, essa obra “atravessa o espaço, preenchendo-o com novas curvaturas e linhas. A incidência da luz cria novos ambientes que oferecem múltiplas possibilidades estéticas e espaciais, envolvendo o espectador”.

A obra de Iole de Freitas é reconhecida por sua integração fluida entre objeto e espaço e por sua constante inovação, consolidando-a como um dos grandes nomes da escultura contemporânea brasileira.

Fontes:
Texto: Pesquisa e curadoria Blombô, com apoio de inteligência artificial para redação e estruturação de conteúdo.

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