Analu Araujo

Resultado
As pinturas de Analu Araujo contêm múltiplas camadas de visão e significado. Um vislumbre do paradoxo contido em uma citação do poeta Paul Valéry pode ser visto em sua obra: o mais profundo é a pele. Em suas imagens, através de sua prática de pintura, dimensões profundas emergem e se instalam, visíveis nas camadas superficiais de seus suportes. Essa aparente inversão se deve ao interesse do artista por tudo o que diz respeito às estruturas ocultas e invisíveis da biologia humana.
O conflito entre emoção instintiva e racionalidade científica emerge em sua obra e resulta em uma pintura em grande escala em que organelas e microestruturas adquirem uma concretude visível na escala do afresco. A amplitude de seus gestos pressupõe a física da ação pictórica, acompanhada do licenciamento aleatório do comportamento material – Analu experimenta diferentes composições e bases de tinta e insumo, transformando seu suporte em um microcosmo definitivo que educa observadores sobre os princípios de pintar sua alquimia.
Apontando conceitos da psicanálise, antroposofia, microbiologia e anatomia, a artista nos apresenta de obras com diferentes comportamentos em relação ao material. Sua pintura tem gestualidade irrestrita, manifestada através do controle do material fluido, desenho e a livre da mancha espontânea. Em seu trabalho se materializam as ideias de pulsão psicanalítica e da autonomia do material e de seus próprios pressupostos, junto à forte referência em concepções visuais advindas do abstracionismo de Kandinsky, além de outros passeios pelo expressionismo abstrato.